MACAQUINHOS NO SÓTÃO

O calendário me pega pelo pé. A pouquinhos dias da Flip e da Flipinha e ainda, depois de uma lista-listona de 30 livros indicados como os melhores do ano pela Revista Crescer e da lista do  Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE) , eu aqui teimando em contar mais do cenário off-comentados

Tem muita coisa boa na literatura infantil e infantojuvenil hoje. Mesmo.  Mas vez por outra, quando vejo, a tribo resolve brincar de figurinha duplicada e indica quase sempre os mesmos títulos, autores e ilustradores. Fico feito gorila ranzinza. Afinal, temos a floresta inteira! Vale mudar de cipó e falar de um monte de história e de gente bacana que ainda não ganhou a floresta – e que os macaquinhos adoram!

Quer ver? Dentro deste livro moram dois crocodilos de Claudia Souza (ed. Callis,  uma turma que vale ficar de olho!) com as ilustras-ilustres feitas de recortes, fotos, sombras, colagens e texturas, marca registrada da talentosa Ionit Zilberman.  O livro é um atalho colorido para fugir do medo. Ahan.

A vida de um articulado menininho e seus simpáticos óculos verdes fica bastante movimentada por seu medo de crocodilos. Logo ele, que não tem medo de palhaço nem de estouro de balão, de dragão-de-komodo, nem de cobra, de fantasma, de altura… ele não tem medo de nada disso. Mas de crocodilo se assusta até com desenho.

O medo é tanto que passa a ter medo da hora do medo chegar. Até que um dia sua mãe lhe faz começar a entender que, apesar de suas bocas assustadoras, de sua pele escamosa e seus olhos ameaçadores, os crocodilos desenhados no livro – e mesmo aqueles da TV –  podem não ser tão pavorosos. Que um dia a gente descobre ser maior e mais forte do que os medos que a gente sente. E que quando esse dia chegar, aqueles dois crocodilos bem grandões que moram no livro podem parecer dois calanguinhos. E vai ser até engraçado pensar que um dia nos fizeram tremer!

Quem não lembra dos medos da infância? O menininho dos óculos verdes visita todos eles. E, acreditem, ele também nos resgata um tanto do quarto escuro. A vida passa, a gente cresce e os medos mudam. Mas nossos filhotes reencontram,  nos momentos em que menos esperamos,  o bicho-papão que conhecemos lá atrás, nas formas e cores que nem imaginamos.

Nada  como um colo, uma almofada e uma boa história pra espantar de vez o medo de ter medo.   Como o conforto de uma clareira em noite de céu estrelado.  Então bóra ligar o mode mammys contadoras de histórias pra embalar uma infância pra lá de especial para os nossos filhotes!

Drops da selva:

– o livro também foi traduzido para o inglês. Oba!

– a Callis classificou o livro com indicação para crianças a partir dos 5 anos. Mas adianto que, com um bom papo e algumas pequenas e curtas adaptações, você consegue fazer o seu filhote aproveitar bastante bem antes disso.

– e, sim, alguns dos livros repetecos valem o passeio pelas listas. Mas não vale virar macaco de imitação. Pronto, falei.

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